Procedimento cirúrgico é indicado em casos de artrose associada a lesão dos tendões do ombro para aliviar dores e permitir a elevação dos braços.
O ombro é uma articulação complexa, a que mais realiza movimentos em todo o corpo. Por esse motivo, está sujeito a lesões de diversos tipos, que podem ser tratadas de forma conservadora ou cirúrgica. Algumas doenças, como a artrose no ombro, que causa degeneração da articulação, são tratadas com a substituição da articulação, ou de parte dela, por uma prótese. Esse procedimento se chama artroplastia.
Em alguns casos, pode ser necessário inverter a posição de duas estruturas que fazem parte da articulação, a cabeça do úmero (que é esférica) e a glenoide, superfície articular do ombro na escápula (que é côncava). Na cirurgia chamada artroplastia reversa do ombro substituímos a glenoide côncava por uma esfera e a cabeça do úmero é substituída por uma superfície côncava. Saiba mais a seguir.
O que é a artroplastia reversa?
A artroplastia reversa de ombro é um procedimento de altíssimo padrão e que tem como objetivo o tratamento de lesões irreparáveis de tendões do manguito rotador. Além disso, é efetiva em casos de fraturas graves ou para corrigir falhas de cirurgias que deram errado.
A artroplastia reversa do ombro, assim como os outros tipos de artroplastia, consiste na colocação de prótese para substituir a articulação. Especificamente, a artroplastia reversa ocorre quando, no processo cirúrgico, as posições da cabeça do úmero e da glenoide são invertidas, fazendo com que a cabeça do úmero, na prótese, tenha o formato da glenoide, e vice-versa.
O procedimento foi desenvolvido na França, em 1985, e representou um avanço das cirurgias ortopédicas, por permitir lidar com lesões degenerativas do manguito rotador que até então não tinham tratamentos específicos.
Como é feita a artroplastia reversa?
O procedimento envolve o deslocamento do centro rotacional da articulação do ombro, a fim de restaurar a função do manguito rotador que está apresentando problemas. Dessa forma, a prótese permite que o músculo deltoide atue substituindo a ação do manguito rotador e faça a elevação do ombro. Em suma, isso significa que a artroplastia reversa de ombro é uma cirurgia complexa e que deve ser realizada por quem é capacitado, ou seja, um médico ortopedista especializado.
O método utilizado na artroplastia reversa de ombro é muito semelhante às outras cirurgias para colocação de prótese na articulação. É realizada em ambiente hospitalar, e a sedação utilizada é a anestesia geral. O procedimento dura cerca de quatro horas.
Por meio de incisões entre os músculos deltoide e peitoral, a articulação do ombro é acessada, permitindo que o médico cirurgião remova cabeça do úmero e prepare a cavidade glenoide para receber a estrutura esférica — semelhante à cabeça do úmero, seguindo a lógica de reversão das estruturas anatômicas.
Após a colocação da prótese e fixação por meio de parafusos, as incisões são fechadas e o paciente é encaminhado para a internação, que dura de 24 a 48 horas. Nesse momento, já se inicia o período pós-operatório.
Como se dá a recuperação após a artroplastia reversa?
O paciente que faz a artroplastia reversa de ombro recebe alta alguns dias após o procedimento, ou seja, não passa muito tempo internado. Naturalmente, cada caso deve ser tratado de forma individual, mas, geralmente, o paciente fica dois dias em observação. Outros pontos relevantes que merecem atenção são:
- Tipoia: deve ser utilizada imediatamente ao longo de seis semanas;
- Exercícios iniciais: o paciente deverá realizar fisioterapia para movimentar o cotovelo, punho e mão do lado do ombro operado;
- Exercícios intermediários: após 14 dias da cirurgia, a fisioterapia entra na fase de movimentar passivamente o ombro, forçando rotação externa e elevação;
- Sem tipoia: após retirar a tipoia, conforme orientação médica, o paciente deve seguir sua reabilitação com um profissional fisioterapeuta. É importante que o médico ortopedista responsável pela cirurgia acompanhe essa evoluçã
Prótese reversa de ombro: quando é indicada?
A artroplastia reversa de ombro, isto é, a colocação da prótese reversa de ombro, é indicada quando o paciente não consegue levantar o braço por lesão extensa do manguito rotador, associada a artrose (desgaste) da articulação do ombro ou quando esse movimento causa dores agudas, mesmo quando o manguito rotador não apresenta total incapacidade. Além destes casos graves de artrose, em fraturas irreparáveis do ombro, é a opção mais indicada.
A principal indicação da artroplastia reversa do ombro é no tratamento da artropatia do manguito, uma doença de caráter degenerativo que atinge a articulação do ombro por lesão maciça do manguito rotador e causa dor e perda da capacidade do movimento em arco do ombro. A doença pode atingir pacientes de qualquer idade, mas a cirurgia é mais indicada para pessoas com mais de 60 anos.
Além da artropatia do manguito, a artroplastia reversa de ombro pode ser realizada no tratamento de outros tipos de artroses que atinjam os tendões do manguito rotador, e em outros tipos de lesões no ombro que possam exigir reconstrução da articulação, como sequelas de fraturas.
A diferença que a fisioterapia faz na artroplastia reversa do ombro
O sucesso da recuperação de uma cirurgia ortopédica depende das sessões de fisioterapia nos dias, semanas e meses seguintes ao procedimento. Com a artroplastia reversa de ombro não é diferente, uma vez que são as sessões de fisioterapia que vão permitir ao paciente retomar as atividades rotineiras, principalmente as que envolvem a elevação do braço.
O que é a prótese de ombro?
A prótese de ombro é um implante que irá substituir a articulação doente, normalmente feito de componentes metálicos que mimetizam o componente ósseo e um componente de polietileno que irá fazer o papel articular, diminuindo o atrito e gerando estabilidade.
Quais os tipos de prótese de ombro?
- Parcial: prótese instalada no úmero, substituindo apenas o componente do úmero (osso do braço);
- Total anatômica: prótese instalada para substituição das superfícies do úmero e da glenóide;
- Total reversa: prótese instalada em casos de artrose com lesões nos tendões do manguito rotador, para os casos de artrose com perda de movimento.
As próteses de ombro também podem apresentar diferenças em relação às hastes, que podem ser curtas, longas ou inexistentes.
Função do ombro após a artroplastia reversa
O objetivo da artroplastia reversa de ombro é garantir uma vida sem dores na região. Além disso, a expectativa é que a função total do ombro operado alcance até 80% da função de um ombro sem qualquer tipo de problema.
Complicações e riscos da artroplastia reversa
Como todo procedimento cirúrgico, existem complicações e riscos aos quais o paciente deve ser alertado pelo médico ortopedista. Todavia, a chance de problemas é bem reduzida. Por exemplo, um estudo (Bohsali, 2017¹) demonstrou que 10,3% das pessoas operadas apresentam algum tipo de complicação, como soltura e desgaste da prótese ou problemas nos tendões do manguito rotador.
Por ser uma cirurgia invasiva, a artroplastia reversa de ombro tem alguns riscos de complicações que precisam ser considerados, ainda que, de modo geral, seja considerada um procedimento seguro, desde que seguidos todos os critérios para uma boa cirurgia e uma boa recuperação. Os principais riscos são:
- Lesões musculares e nervosas;
- Lesões ósseas;
- Infecções;
- Deslocamentos articulares;
- Sangramentos;
- Trombose pós-operatória.
Pós-operatório
Como mencionado, o pós-operatório da artroplastia reversa de ombro começa a partir do momento em que o paciente sai do centro cirúrgico, permanecendo o paciente internado por um período entre 24 e 48 horas. Após esse período, caso não haja complicações, o indivíduo é liberado para continuar a recuperação em casa.
O uso de tipoia deve permanecer por pelo menos 6 semanas após a cirurgia, sendo retirada apenas para exercícios de mobilização. Após esse período, é importante iniciar as sessões de fisioterapia, para que sejam recuperados a capacidade motora e os músculos fortalecidos. A recuperação total das atividades cotidianas leva cerca de seis meses.
Resultados
Com as recomendações pós-operatórias seguidas adequadamente, com frequência correta nas sessões de fisioterapia acompanhadas por profissionais em todas as etapas, é possível que o paciente recupere grande parte da capacidade motora sem sintomas dolorosos e incômodos, podendo realizar todas as atividades cotidianas depois de seis meses.
É importante lembrar que, mesmo passando pela artroplastia reversa de ombro com sucesso, o paciente deve continuar o acompanhamento com o médico ortopedista para avaliar o estado da prótese, dos ossos, ligamentos e articulações.
Fontes:
Revista Brasileira de Ortopedia