Comumente identificado pela sigla LCP, o ligamento cruzado posterior é uma estrutura de colágeno que conecta o fêmur à tíbia, contribuindo para a estabilidade do joelho. Sua principal função é impedir que a tíbia (um dos ossos da parte inferior da perna) vá para trás em relação ao fêmur (o osso da coxa), promovendo também maior segurança à movimentação rotacional da articulação.
O ligamento cruzado posterior é uma estrutura forte e que possui quase o dobro da resistência do ligamento cruzado anterior. Justamente por isso, sua lesão é considerada incomum, demandando um trauma com energia cinética elevada. Em outras palavras, a ruptura deste ligamento geralmente ocorre em virtude de acidentes mais graves e intensos, tais como:
- Quedas com o joelho dobrado;
- Pancada sobre o joelho completamente esticado;
- Atropelamento que produza impacto direto contra o joelho completamente esticado;
- Entorses com a perna presa, muito comuns em práticas de artes marciais e jogos de futebol americano (em que o adversário segura a perna da pessoa);
- Acidentes que levem à projeção do corpo, impactando o joelho sobre algum objeto ou parede.
Sintomas e prognóstico da lesão de ligamento cruzado posterior
Diferentemente da lesão de ligamento cruzado anterior, a ruptura do LCP é bem tolerada pela maioria dos pacientes, com menor desconforto e sensação de instabilidade articular. No momento, o indivíduo sente dor e pode ter dificuldade para andar nos primeiros dias, mas a tendência é que o joelho volte a funcionar após alguns dias, quando o inchaço diminui progressivamente.
Os sintomas dependem do grau da lesão, e alguns pacientes relatam instabilidade e falta de confiança no joelho machucado — sobretudo ao subir e descer escadas. Com o passar dos anos, porém, a alteração biomecânica associada à ruptura do ligamento pode fazer com que o joelho passe a sofrer um processo degenerativo, levando à artrose, que é o desgaste da cartilagem articular. Este tipo de consequência, porém, depende de aspectos como a gravidade da lesão e utilização do joelho.
Quando a cirurgia de ligamento cruzado posterior é indicada?
Quando a lesão de LCP é isolada, geralmente é indicado um tratamento conservador para o problema, sem a necessidade de cirurgia. Neste caso, é recomendado que o paciente faça sessões de fisioterapia e invista no fortalecimento muscular da região, podendo retomar suas atividades — incluindo prática de exercícios físicos — quando o joelho apresentar força e sustentação adequada.
Uma vez que o ligamento cruzado posterior é mais resistente, é necessária uma quantidade significativa de força para que ocorra sua ruptura. Como consequência, a maioria dos casos de lesão de LCP ocorre de maneira combinada com danos a outras estruturas, como o ligamento colateral medial, ligamento cruzado anterior, meniscos ou cartilagem.
A cirurgia de ligamento cruzado posterior costuma ser indicada nesses casos em que também houve lesão a outras estruturas ou quando o paciente apresenta quadro de dor e instabilidade durante ou após a execução de exercícios físicos.
Também é recomendado o procedimento quando ocorre uma fratura por arrancamento da tíbia, nestes casos o ligamento não rompe, mas o pedaço de osso onde ele se insere na tíbia se quebra e solta, fazendo com que o ligamento deixe de funcionar.
Como é feita a cirurgia?
O procedimento de reconstrução de ligamento é realizado por meio de artroscopia, um método em que são feitas pequenas incisões para inserção dos instrumentos necessários para a reparação da lesão. Para que isso seja possível, é utilizado um dispositivo chamado artroscópio — composto por uma haste longa com uma câmera na ponta, que transmite imagens de dentro da articulação para um monitor de vídeo.
A cirurgia de ligamento cruzado posterior por artroscopia é menos invasiva do que um procedimento aberto, em que o cirurgião faz uma grande incisão na pele para ter acesso direto às estruturas que serão tratadas. Como consequência, o paciente sente menos dor no período pós-operatório e se recupera mais rapidamente da intervenção, ficando inclusive menos tempo internado.
Conforme foi explicado, a cirurgia para reconstrução de LCP é feita a partir da retirada de um enxerto do próprio organismo e sua utilização para refazer o ligamento lesionado. Para fixação dos enxertos, são utilizados parafusos e placas de fixação, conforme necessidade identificada pelo cirurgião.
Pós-operatório e reabilitação do paciente
Após a cirurgia de ligamento cruzado posterior, geralmente é necessário que o paciente mantenha repouso relativo nos primeiros dias, usando muletas para aliviar o peso sobre o joelho. Na maioria dos casos é necessário a utilização de imobilizadores rígidos ou articulados, e esta recomendação pode variar em situações em que a reconstrução foi feita de maneira simultânea a outras correções.
As sessões de fisioterapia são essenciais para o processo de reabilitação do paciente, sendo muitas vezes iniciadas já nos primeiros dias de pós-operatório. Por conta do período necessário para integração do enxerto, alguns exercícios não são recomendados imediatamente após a reconstrução do ligamento de joelho, sendo essencial o acompanhamento de um profissional com conhecimento específico neste tipo de recuperação.
Com o passar das semanas, conforme o organismo for se recuperando e fortalecendo, novos exercícios vão sendo introduzidos na reabilitação. Inicialmente, a prioridade da reabilitação é o ganho de mobilidade articular e redução dos desconfortos, passando para uma fase de fortalecimento e treino de equilíbrio e estabilidade. O retorno às práticas esportivas pode demorar de 6 a 12 meses, dependendo das características da lesão e do tipo de esporte.
Para saber mais a respeito da cirurgia de ligamento cruzado posterior, entender quando ela é indicada e tirar suas dúvidas a respeito do processo de reabilitação do joelho, entre em conato e agende uma consulta com o Dr. Rodolpho Scalize.